SÁBADOS, ÀS 19H, NO BOM JESUS/IELUSC

Sessão 26/9 - Sem Essa, Aranha


Sem Essa, Aranha
Números musicais com Moreira da Silva e Luiz Gonzaga, stripteases, um pacto com o demônio e artistas de circo completam essa eletrizante chanchada psicodélica, apresentada em quinze planos-seqüência de tirar o fôlego e enquadrados com estilo pela câmera-na-mão de Edson Santos. Estilhaços de Joyce, Rimbaud e — principalmente — Oswald de Andrade explodem na tela: “reconheço e identifico o homem recalcado do Brasil, produto do clima, da economia escrava e da moral desumana que faz milhões de onanistas desesperados e de pederastas”. Um raio X do Rio e da tragicomédia brasileira. “O cinema não me interessa, mas a profecia”, dizia Rogério Sganzerla.

Direção e Roteiro: Rogério Sganzerla
Fotografia: Edson Santos
Drama
BRA / 1970

Sessão 19/9 - Os Monstros de Babaloo


A ilha mítica de Babaloo abriga uma família tão burguesa quanto sórdida, comandada pelo pai, o rico empresário Badu. Um filme pantagruélico. Antevê John Waters, o rei do trash, inclusive na caracterização de Wilza Carla, que já é divine antes da própria Divine. Corre paralelo à obra da fotógrafa americana Dianne Arbus, precursora da estética do feio e do esdrúxulo. Simultaneamente homenageia, critica e satiriza a chanchada carioca nos improvisos do elenco impecável, misto de atores amadores, populares e experimentais. Um deboche marginal sobre a família e burguesia brasileira.

Direção: Elyseu Visconti
Roteiro: Elyseu Visconti
BRA / 1970
Drama/Comédia

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Sessão 5/9


O Bandido da Luz Vermelha

Na década de 60, João Acácio Pereira da Costa praticou uma série de delitos na região de Santos, SP. Entre assaltos, estupros e assassinatos, foi perseguido pela polícia durante seis anos e ficou conhecido como "O Bandido da Luz Vermelha". Baseado na história do crimonoso catarinense, o filme de Rogerio Sganzerla é um marco cinematográfico no Brasil, um dos precussores do cinema marginal. Com cenas recheadas das ações dos quadrinhos a narrativa se desenrola nas locuções das rádios populares e folhetins sensacionalistas. Somando a estética do lixo e inúmeras referências à importação cultural, "O Bandido da Luz Vermelha" é um forte discurso, um grito de Sganzerla na urgência da marginalidade "contra a cultura ocidental, contra uma cultura subalterna, contra a comprometedora ideia de cultura".


O Bandido da Luz Vermelha
Direção: Rogerio Sganzerla
Roteiro: Rogerio Sganzerla
Origem: BRA/1968
Gênero: Policial / Suspense

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Ciclo Setembro

Este mês: Matou a família e foi ao cinema

No fim dos anos 60, em meio a repressão e os protestos, o cinema brasileiro se reinventava. Após os anos de ouro da produção nacional dos grandes estúdios e embebidos na fase cabeça do cinema novo, os cineastas brasileiros agora tinham um outro olhar para o cinema. Nomes como Julio Bressane, Rogério Sganzerla e Elyseu Visconti, na contramão dos "estrangeirismos" do cinema novo, inauguravam o discurso marginal brasileiro. O movimento tropicalista, os ideais de contracultura e a crescente importação da indústria cultural eram o pano de fundo para a construção da estética do lixo. O Cinema Marginal levava para as telonas o grito das ruas ilustrado em quadrinhos, folhetins e jornais, narrado pelo rádio e pela TV, um cinema à face do consumismo. Em oposição ao cinema comercial, com formas esdrúxulas e linguagem alternativa, desenvolvia-se um anti-cinema, o modo brazuca de se fazer o "câmera na mão e uma idéia na cabeça".
Para tentar passear por esta vertente que abriu feridas que não cicatrizaram até hoje na produção nacional, o CdC traz este mês três filmes emblemáticos dos marginais. Como um dos filmes que inaugurou o movimento, O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, inaugura o ciclo. Com a estética do lixo em sua plena forma, Os monstros de Babaloo, de Elyseu Visconti, explicita o ideario marginal. E, para encerrar o mês, um golpe contra as instituições cinematográficas, com o anti-cinema de Sem Essa, Aranha. Três gritos que ecooam até hoje.


5/9
- O B
andido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla) 1968
19/9
- Os monstros de Babaloo (E
lyseu Visconti) 1978
26/9
- Sem essa, aranha (Rogério Sganzerla)
1970




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