Deixe ela entrar (Låt den rätte komma in)
Abrir uma resenha falando de um filme de vampiros em meio a uma febre de hemoglobina teen colocaria este blog e sua programação em condição duvidosa. Mas no filme do diretor sueco Tomas Alfredson as Buffys e os Cullens dão lugar a duas delicadas personagens que jogam o duelo entre o bem e o mal para escanteio e criam um filme de verdade. A assutada Eli (Lina Leandersson) e o solitário Oskar (Kåre Hedebrant) desenham uma aproximação das difrerenças no limite da humanidade.
A descoberta da afetividade entre dois marginais sociais, num singelo caso de amor repleto de uma poesia infantil no contexto de um mundo segregador e agressivo. É assim que a pequena vampira e o menino "estranho" se encontram e sobrevivem num mundo que não foi criado para eles, esgueirando-se pelas sombras, fugindo, à margem das regras.
Lançado oficialmente em 2008, Deixe ela entrar só chegou ao Brasil em 2009. Arrebatou 58 prêmios pelo mundo, entre eles o do Festival de Tribeca e deve estar chegando às locadoras da joinvilândia em breve. Bonito e delicado traz , já no título, uma metáfora à diversidade, um estímulo para o convite à diferença: deixe-a entrar.
Deixe ela entrar (Låt den rätte komma in)
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: John Ajvide Lindqvist
Origem: Suécia / 2008
3 Comments:
Acho bem questionável essa definição da Tatiana no site Contracampo:
"Oskar interessa-se espontaneamente por assassinatos e evidências escabrosas de gestos humanos no limite da humanidade. Sua alienação escolar talvez seja, portanto, mais derivada de seus impulsos interiores do que do bullying de que é vítima"
Qual o significado de "espontaneamente" ou de "impulsos interiores"? Uma predisposição genética, um distúrbio neurológico? Uma condição natural, essencialmente sua e imútável? Oskar não é um doente, na sua acepção mais literal. Acho que ele é um doente social, ou uma vítima de uma sociedade doente, que talvez por isso queira alcançar a redenção ou, melhor ainda, a ascensão. Não acredito que o bullying seria retratado à toa. Na crítica ela diz "o filme é pautado pelo binômio aceitação-rejeição." Esse binômio só se constrói em relações de cultura e sociedade. Evidentemente que o bullying não é a causa única, é multifatorial, mas o filme não parece se importar tanto eu querer mostrar qual fator foi preponderante.
Acho que o filme se preocupa mais em querer mostrar a discriminação que sofrem os personagens por conta de suas particularidades. E a crueldade humana é muito bem retratada. Até mesmo os protagonistas são cruéis, não são mocinhos.
Mas cada um interpreta de uma forma, embora haja só uma forma de interpretar, hehe.
(só uma coisa, acho que o título em português é "Deixa ela entrar" e não "Deixe", mas não muda muito coisa também, aliás, acho que não muda nada.)
Tá bem fodinha tu hein, Glasgow!
Eu tinha achado interessante o texto da mina, mas não dei muita bola. Em conpensação a tua leitura tá bem melhor. Se quiseres, conclui aí que eu publico aqui, tá bem massa.
Quanto ao título, tens razão - denovo. O correto é "deixa". Mas pouco importa, deixa pra lá, deixe que não percebam.
Eu tenho sim mais coisas a acrescentar, mas por hora estou com preguiça, então... DEIXE QUIETO, por enquanto.
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